O governo do Estado vai tentar resolver o impasse nas negociações para a solução da greve dos professores, que já dura 95 dias, até esta sexta-feira. A ofensiva tem dois objetivos: associar a resolução do conflito à chegada da presidente Dilma Rousseff (PT), que estará em Salvador amanhã, e ao mesmo tempo evitar que ela possa ser vítima de protestos e vaias, como aconteceu recentemente em duas oportunidades pelo país. A senha para um distensionamento com os grevistas foi dada pelo próprio governador Jaques Wagner (PT) ontem à tarde, após uma reunião no Ministério Público do Estado com o objetivo de achar uma saída para a greve, seguramente a mais longa e polêmica da história da rede estadual de ensino da Bahia.
Pela primeira vez, depois de em várias oportunidades ter dito que não tinha condições de atender as reivindicações dos grevistas, Wagner admitiu a reabertura das negociações. Na oportunidade, em tom ligeiramente animado, diferente do que vinha adotando nos últimos dias, onde chegou a radicalizar a postura contra o movimento paredista, Wagner afirmou que não gostaria de antecipar o que poderia anunciar hoje à tarde, durante uma reunião que os representantes do governo esperam que seja a última para anunciar o fim da greve.
A nova posição frente ao movimento, que demonstra interesse genuíno em apressar a solução do conflito, é resultado também da grande pressão que o governo passou a sofrer por parte de seus candidatos nas eleições municipais em todo o Estado. O desgaste decorrente do movimento estaria afetando indistintamente todos os candidatos governistas, independentemente de pertenceram ao PT. Em Salvador, onde o governo faz um reconhecido esforço para elevar a performance do prefeiturável Nelson Pelegrino (PT) nas pesquisas até o início do horário eleitoral gratuito, em agosto, os efeitos do problema estariam sendo sentidos pessoalmente pelos candidatos do grupo governista neste início da campanha. Contou recentemente um candidato a vereador que, em determinadas comunidades, todos são recebidos com vaias quando têm seus nomes anunciados. O movimento é, naturalmente, capitalizado por candidatos adversários do PT, como ACM Neto, do Democratas, e Mário Kertész, do PMDB, partido que pertence à base de apoio da presidente Dilma, em Brasília, mas faz oposição aos petistas na Bahia. “Cheguei a dizer a Nelson Pelegrino que sem o fim da greve ele poderia dizer adeus à sua candidatura”, relatou um vereador petista, pedindo por tudo para não ter seu nome revelado.
Fonte: Politicalivre