Em Utinga, o índio Otto Payayá coordena um viveiro de plantas criado para reflorestar matas ciliares |
O índio Otto Payayá sabe o que é ter que conviver com a seca. Morador de Utinga, na região da Chapada Diamantina (a 442 km de Salvador), ele diz que há cinco anos a ocorrência de chuvas tem diminuído na região: "todo mundo perdeu lavoura. Só quem tinha plantação próximo ao rio se salvou".
Na cidade em que ele mora, dois rios, o Utinga e o Mucambo, são afluentes indiretos do rio Paraguaçu. Ontem, A TARDE publicou matéria em que especialistas alertam sobre as degradações que atingem o Paraguaçu e seus afluentes.
A bacia do Paraguaçu é responsável pelo abastecimento de 60% de Salvador e região metropolitana e 86 municípios dependem dela.
"As matas ciliares dos rios (Utinga e Mocambo) não estão bem. Na hora que baixar o nível na Pedra do Cavalo (barragem), Salvador vai gritar, mas é a gente que vai sentir primeiro aqui", afirma.
Preocupado com ameaças que podem se concretizar no futuro, Otto e parentes decidiram construir um viveiro de mudas para comercializar e ajudar a reflorestar a mata ciliar dos rios da cidade.
"As matas ciliares dos rios (Utinga e Mocambo) não estão bem. Na hora que baixar o nível na Pedra do Cavalo (barragem), Salvador vai gritar, mas é a gente que vai sentir primeiro aqui", afirma.
Preocupado com ameaças que podem se concretizar no futuro, Otto e parentes decidiram construir um viveiro de mudas para comercializar e ajudar a reflorestar a mata ciliar dos rios da cidade.
"A gente não quer perder os rios. É algo fundamental para a gente e para a capital, mas nem todo mundo em Salvador tem noção disso", diz.
A iniciativa do índio da tribo payayá foi mapeada por integrantes do projeto Semeando Águas no Paraguaçu, patrocinado pela Petrobras e executada pela ONG Conservação Internacional.
A finalidade do projeto, que teve início no último fevereiro e se estenderá por dois anos, é fortalecer ações isoladas como a dos payayás.
Para isso, eles mapearam 40 ações realizadas em 16 municípios do Alto do Paraguaçu. Em setembro, eles criaram a Rede de Sementes e Mudas do Alto do Paraguaçu.
"A rede possibilitou que diferentes agentes pudessem trocar experiências de como colher sementes e plantar mudas", frisa Érika Almeida, integrante do projeto.
Além da comercialização que serve de sustento para várias famílias, as mudas são utilizadas também para recuperar a vegetação no entorno dos rios, afluentes e córregos que fazem parte da bacia.
Outro exemplo de combate à morte do rio e de seus afluentes foi o do Grupo Ambientalista de Palmeiras (GAP). Há dez anos, eles têm recuperado a mata ciliar do rio Preto, um dos afluentes, no município de Palmeiras (a 457 km de Salvador).
"Já plantamos 1.500 mudas de 27 espécies diferentes de árvores. Se a gente conseguir amenizar a situação, chegaremos lá. Nossa intenção é plantar muito mais", destaca o diretor geral do GAP, Joás Brandão.
"O que mais me deixa triste é que eu tive a oportunidade de tomar banho num córrego que hoje não dá mais. Com a criação de gado, desmatamento e agricultura, a gente viu a necessidade de revitalizar e plantar próximo ao leito do rio", acrescenta Arlete Almeida, do Grupo As Marias, que desenvolve ações semelhantes em córregos da localidade de Caraíbas, em Mucugê (a 449 km da capital).
Exemplos
Como referência para as ações isoladas na região, o projeto Semeando Águas no Paraguaçu vai plantar, a partir de março de 2015, 70 hectares de áreas de restauração ecológica para servirem de exemplo. O reflorestamento será centralizado nos municípios de Barra da Estiva, Ibicoara e Mucugê.
"Estamos produzindo mudas nativas nos viveiros destes municípios. Vamos trabalhar com quatro dos sete viveiros identificados (dois em Ibicoara, um em Barra da Estiva e um em Mucugê) para produzir 50 mil mudas que serão plantadas nas áreas de reflorestamento ecológico", frisa o especialista em restauração ecológica e integrante do projeto Dary Rigueira. (A Tarde)
parabéns pela iniciativa.
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