Vítimas de modelo acusada de estelionato se uniram nas redes sociais para denunciá-la


Os golpes aplicados pela modelo Bruna Cristine Menezes de Castro, de 25 anos, presa nesta terça-feira acusada de estelionato, pareciam não ter limites. Até que começaram a surgir pedras no caminho da loira - grupos de mulheres de diferentes cantos do país, vítimas de seus golpes, decidiram se unir nas redes sociais para compartilhar suas histórias, investigar mais a fundo a vida da modelo e denunciar o seu modo de agir.
A enfermeira Cristiane Ortiz, moradora do Rio de Janeiro, conheceu Bruna em maio, após receber uma solicitação de amizade da modelo no Instagram. Quando entrou no perfil da loira, viu que vendia maquiagens importadas, e logo se interessou pelos preços atraentes. Escolheu os produtos e depositou R$ 320 reais na conta de Bruna. Foi a partir daí que começou a suspeitar que havia algo errado. - Ela vivia inventando desculpas para não enviar o código do rastreio dos produtos. Depois de muita insistência, ela enviou um código, mas quando coloquei no site dos Correios, vi que não existia. Comecei a questioná-la sobre isso, e ela não me respondeu mais, além de ter me bloqueado de todas as suas redes sociais. Foi aí que percebi que havia caído em um golpe - relata.

Inconformada com a situação, Cristiane decidiu agir para impedir que novas pessoas se tornassem vítimas de Bruna e para que a mulher fosse responsabilizada pelos seus atos. Criou, então, um perfil no Instagram chamado “Bruna golpista”, onde alertava os internautas sobre o golpe. Foi quando conheceu outras mulheres que haviam passado pela mesma situação.

- Eu e outras 34 meninas, também vítimas da Bruna, criamos um grupo no WhatsApp para compartilhar nossas histórias. Começamos a persegui-la para que devolvesse o nosso dinheiro. Ficamos meses investigando a vida dela, sem conseguir dormir direito. Quando conseguimos recolher bastante provas, entramos em contato com o delegado Eduardo Prado, da Delegacia Estadual de Defesa do Consumidor (Decon) de Goiás. Foi aí que começamos a ficar mais tranquilas - conta a enfermeira.
Cristiane criou o "Bruna golpista" para denunciar os golpes da modelo Foto: Reprodução / Instagram
A prisão de Bruna, na última terça-feira, foi um alívio para Cristiane, que, até hoje, não conseguiu recuperar os R$ 320 reais. - A Bruna tem uma lábia impressionante. Sempre se mostrou muito educada, doce. Ela tinha plena confiança de que nunca seria pega. Não esperava que fosse nos encontrar em seu caminho. O que mais me incomodou não foi a questão do dinheiro, foi o fato de ter sido enganada. Me empenhei muito para colocá-la na cadeia, espero que não saia mais de lá. Que sirva de lição - desabafa.


Perfil compartilhava mensagens trocadas entre Bruna e suas vítimas Foto: Reprodução / Instagram

A analista Cynthia Campos, de 37 anos, de Brasília, também caiu no golpe de Bruna. Em agosto de 2014, encomendou maquiagens à modelo através do Instagram. Depois de depositar a primeira parcela das compras - pouco mais de R$ 100 reais - a modelo desapareceu. Mas a analista teve mais sorte do que Cristiane.

- Ela ligava todos os dias pedindo para depositar o dinheiro. Assim que fiz o pagamento, ela sumiu e me bloqueou no WhatsApp. Quando entrei novamente no perfil da Bruna no Instagram, vi que tinham muitas reclamações. Falei com todas as cerca de 15 mulheres que haviam publicado comentários e nos juntamos. Começamos a infernizar a vida dela. Ela usava a desculpa de que o avô havia morrido para não devolver o dinheiro. Quando dissemos que íamos acionar a polícia, cerca de uma semana depois das compras, ela, finalmente, devolveu os valores pagos - contou, destacando que, nas redes, Bruna dizia que era dentista.
A prisão da modelo também deixou Cynthia bastante aliviada: - Eu pulei de alegria quando a vi presa. Foi exatamente um ano depois de eu ter caído no golpe. Ela mereceu. Queila Aquino, de Montes Claros, em Minas Gerais, só conheceu o perfil "Bruna golpista" após a prisão da mulher, onde compartilhou a sua história e entrou em contato com outras vítimas A mulher pagou a Bruna R$ 170 reais, nunca devolvidos. Assim como as outras mulheres, recebeu um código de rastreio inexistente, e também foi bloqueada pela modelo nas redes sociais.

- Fiquei muito feliz com a prisão da Bruna. Sensação de justiça feita. Ainda tenho esperanças de recuperar o dinheiro, vamos ver - diz. A jovem foi presa na manhã de terça-feira em sua casa, no bairro Setor 9, em Goiânia. Segundo o delegado Eduardo Prado, da Decon de Goiás, Bruna atuava sempre da mesma forma - criava perfis em redes sociais onde, supostamente, vendia celulares e maquiagem. No entanto, o produto adquirido nunca era entregue aos clientes.

De acordo com Prado, Bruna admitiu que dava golpes, mas disse que fazia porque “estava se separando do marido”. A modelo também informou para o delegado que não sabia quantas pessoas havia lesado, nem quanto prejuízo causou. Segundo Prado, Bruna está presa preventivamente e foi indiciada por estelionato. O delegado informou ainda que há outras investigações contra Bruna em andamento - como no Rio de Janeiro e no Distrito Federal. A modelo tem um filho de 4 anos.

Até o namorado
Bruna Cristine Menezes de Castro também aplicou um golpe em um homem com quem teve um relacionamento entre 2011 e 2012. A moça mentiu que tinha câncer no útero e metástase no pâncreas.
Para ajudar no tratamento, o analista de sistemas carioca, Ryan Balbino, depositou mais de R$ 15 mil em uma conta bancária no nome dela. — Ela pedia dinheiro com pretexto de que precisava comprar vitaminas, remédios importados, pagar por cirurgias e exames que eram necessários para o tratamento da doença. Ele notou que se tratava de um golpe quando viajou para Goiânia: — Encontramos com familiares dela e tive a confirmação de que ela não estava doente e de que eu tinha sido vítima de um estelionato. O advogado de Bruna garantiu que a modelo nunca disse que tinha câncer e que o dinheiro era dado por vontade própria.
 (Jornal EXTRA)

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