Com dezenas de milhões de doses da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca paradas nas fábricas americanas, enquanto aguardam resultados de um estudo clínico no país, os EUA estudam enviar injeções para o Brasil ou outros países, segundo o jornal The New York Times.
O destino dos imunizantes é assunto de um intenso debate entre a Casa Branca e autoridades de saúde do país, com alguns argumentando que a gestão Biden deveria permitir que fossem exportados para países com necessidades urgentes, enquanto outros não estão prontos para abandoná-los, segundo autoridades da administração democrata ouvidas pelo jornal.
O laboratório, porém, não está envolvido nessas conversas.
Algumas autoridades insistiram que a Casa Branca tome uma decisão nas próximas semanas. Elas discutem enviar doses para o Brasil, que vive seu pior momento da pandemia, ou mesmo para União Europeia ou Reino Unido.
Cerca de 30 milhões de doses estão engarrafadas em uma unidade do AstraZeneca em West Chester, no estado de Ohio, responsável pela fase final da produção da vacina, na qual há o envasamento do imunizante, disse ao New York Times um funcionário com conhecimento do estoque.
Já em Baltimore, no estado de Maryland, outra empresa que fabrica a vacina já produziu quantidade suficiente para mais dezenas de milhões de doses.
Apesar de ter seu uso autorizado em mais de 70 países, segundo o laboratório, nos EUA, porém, o estudo clínico ainda não teve seus resultados divulgados, e a empresa não pediu autorização para aplicação emergencial ao FDA, agência regulatória do país.
O AstraZeneca chegou a pedir à gestão Biden que empreste as doses destinadas aos EUA para a União Europeia, onde o laboratório não conseguiu cumprir seu compromisso de entrega.
"Entendemos que outros governos podem ter entrado em contato com o governo dos EUA sobre a doação de doses da AstraZeneca e pedimos ao governo americano que considerasse cuidadosamente essas solitações", afirmou ao NYT Gonzalo Viña, porta-voz do AstraZeneca.
"Se essas doações acontecerem, vamos buscar orientação do governo americano para repor essas doses nos EUA", complementou. A Casa Branca não respondeu ao pedido de comentário feito pelo New York Times.