Foto: reprodução / G1 |
Uma professora de uma creche municipal em Vespasiano, Minas Gerais, foi afastada de suas funções pela Secretaria de Educação, após ser acusada de dificultar a respiração de um aluno autista de 5 anos, fechando a boca e o nariz dele simultaneamente.
Segundo a Secretaria, a professora foi afastada e um processo administrativo foi instaurado, podendo resultar na demissão da servidora.
"Meu filho não para de falar em morte. Plantaram isso na cabeça dele", afirma a mãe da criança, Fabi Souza, de 42 anos.
A suspeita começou na última terça-feira (23) quando Pedro, de 5 anos, estava brincando com seu pai quando disse: "Não toque no meu nariz, porque vou ficar sem ar e morrer". A partir dessa frase, a mãe decidiu investigar se o menino havia passado por alguma situação de violência.
Pedro relatou "a tia da escola" teria dito que ele "estava gritando como um papagaio" e, em seguida, tampado sua boca e nariz.
Na quarta-feira (24), enquanto Fabi cuidava de sua filha mais nova, de 10 meses, seu marido foi até a creche municipal Elizabete Conceição Almeida Patrocínio, onde Pedro estuda desde 2022.
Segundo Fabi, durante a reunião, a professora teria admitido que prendeu a respiração do menino cerca de um mês antes, porque ele estava em crise e dizia querer morrer. A intenção seria mostrar a ele como é ruim a sensação da 'morte'. Após o ato, a professora teria dado um beijo no rosto da criança.
Ao g1, a diretora da escola informou que seus funcionários optaram por não se manifestar.
"Quando meu filho está em crise e não consegue fazer alguma tarefa, ele sente culpa e diz que quer morrer. Na escola, ele deve ter feito algo que não deu certo e disse isso. Fiquei horrorizada [com a reação da professora]. O Pedro já teve bronquite e crise de asma. Tampar a boca e o nariz dele? Como posso aceitar? Isso é agressão", diz Fabi.
Na quinta-feira (25), os pais compareceram à Secretaria de Educação para relatar o ocorrido e solicitar a transferência da criança para outra escola.
Em nota enviada ao g1, o órgão afirmou que expressa "profunda solidariedade ao aluno possivelmente agredido". Além disso, informou que a servidora foi afastada das atividades com alunos e que um processo administrativo foi instaurado, podendo resultar em sua demissão. A Secretaria também mencionou que este é um caso isolado e ofereceu à família a possibilidade de transferir a criança para outra escola.
"Será disponibilizado acompanhamento psicológico, se os pais entenderem ser necessário", informa o comunicado.
Os pais de Pedro ainda não registraram um boletim de ocorrência. Não há câmeras de vigilância na escola.
Renata Tibiriça, defensora pública dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, explica que a Lei Brasileira de Inclusão considera como violência qualquer ação ou omissão que cause sofrimento físico ou psicológico.
"A família pode entrar com uma ação de reparação de danos contra a escola. E é dever da Secretaria de Educação agilizar a transferência do aluno, a fim de protegê-lo de qualquer forma de violência", afirma.
Ela também ressalta a importância de capacitar os professores para lidar com pessoas com deficiência.
"É um grande desafio que enfrentamos nas escolas", destaca.
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