Lavrador é morto em assalto a agência do Banco do Brasil de Mucugê

Uma pessoa foi morta e outras duas baleadas durante o assalto ao Banco do Brasil de Mucugê, na manhã desta quarta-feira (6), na Chapada Diamantina, a 448 quilômetros de Salvador. Os bandidos, que levaram uma quantia ainda não revelada pelo BB, fugiram da cidade levando seis reféns, libertados horas depois na zona rural do município. Houve troca de tiros com a polícia, em área urbana; e a tentativa de localizar os assaltantes continua, por municípios vizinhos, mas ninguém foi preso.
A ação da quadrilha teve início pouco antes das 9 horas, quando os oito homens chegaram à cidade em um Ford Fiesta hatch de cor prata e uma picape Saveiro preta, quase todos vestidos com roupas semelhantes às do Exército e usando capuzes e chapéus. Armados com fuzis e pistolas, segundo testemunhas, invadiram a agência, na Praça Coronel Propércio, atirando para o alto e nas paredes; quebraram as vidraças e porta giratória com tiros e a marretadas, depois retiraram os clientes pra frente da agência, onde os colocaram de mãos dadas, numa espécie de escudo humano.Enquanto alguns bandidos atiravam para o alto e faziam ameaças, aos gritos, na frente da agência, outros saqueavam o banco e aguardavam o horário programado para abertura do cofre principal. "Um deles me agarrou pela gola e me mandou ficar na porta do banco. Gritavam o tempo todo pra ficarmos comportados que todos ficariam vivos. Foi uns 20 minutos que pareceram 20 horas", relatou o perueiro de prenome Gilberto, 43 anos, conhecido como 'Curiango', um dos clientes que foram levados reféns.

Por volta de 30 minutos após a invasão, o bando se preparava para deixar a agência, quando foi surpreendido por policiais militares da Caesg e da Cipe (comumente chamados de catingueiros), que se aproximaram atirando contra a frente do banco. Durante o revide, três reféns foram baleados: o lavrador Paulo Batista Alves, 36, nas costas (região do quadril), Orlando Santos Silva, 39, e Verailda Silva Ferreira, 53, ambos em uma das pernas.
Com os militares nas proximidades, os bandidos deixaram o banco levando seis reféns, o perueiro, o lavrador de prenome Adriano, 34, o vigia Marcos Alexandre Rocha, 19, o bancário Van Edson, a jovem Rosivânia V. Rangel, um idoso ainda não identificado, do município de Andaraí. Na saída, jogaram muitos papéis, moedas e cédulas de pequenos valores na praça, na tentativa de provocar tumulto e impedir que a polícias os seguisse.Marcos Alexandre foi obrigado a ficar deitado no capô de um Fiat Siena (tomado do lavrador Paulo Batista), com uma arma apontada para a cabeça para não se jogar, enquanto os outros foram distribuídos no Siena e na Saveiro. O Fiesta, de placa NTM-7157, de Dias D´Ávila, foi abandonado na porta do banco.
Bloqueio - Na saída da cidade, direção Leste (Ibicoara e Barra da Estiva), o bando se deparou com um caminhão baú atravessado na pista; tentaram removê-lo com o Saveiro, mas acabaram obrigando os reféns a empurrar o veículo para fora da pista. "Atiravam o tempo todo pra cima e gritavam que iam matar a gente se a polícia atirasse neles", contou Alexandre.
A fuga teve continuidade por uma estrada vicinal, em direção aos municípios de Abaíra e Jussiape, até que o Saveiro estourou um dos pneus e o bando resolveu soltar os reféns. "Eles atravessaram o Saveiro na pista e nos mandaram ficar de mãos dadas ao lado do carro. Depois fugiram todos no Siena", relatou Adriano. "Como a polícia não chegou, pegamos carona em dois caminhões de fazendas", Disse Alexandre. O grupo foi resgatado por amigos e familiares, em duas fazendas próximas.
Dezenas de tiros provocam pânico na cidade

Enquanto durou a ação dos bandidos no interior do Banco do Brasil, a sensação de pânico tomou conta da pequena e turística Mucugê, cidade de 10.560 habitantes, tombada como patrimônios Artístico, Histórico e Cultural desde 1980. Muitos comerciantes e moradores fecharam as portas e recolheram seus veículos das ruas, enquanto escutavam tiros disparados na praça Coronel Propércio.
E logo após a saída dos bandidos, uma onda de boatos dava conta que haviam assaltantes escondidos na cidade, esperando oportunidade para fugir. Mas a polícia fez varredura e afirmou não ter encontrado nenhum estranho. As atenções, então se voltaram para os feridos e o resgate dos reféns. Os baleados Veraildo e Orlando foram medicados no hospital local, Augusta Medrado Matos, enquanto Paulo Batista foi transferido para Salvador, mas morreu ao dar entrada no Centro Cirúrgico do Hospital Geral do Estado (HGE).
O último assalto ao Banco do Brasil de Mucugê havia ocorrido há cerca de quatro anos, mas há cinco meses bandidos tentaram explodir os caixas eletrônicos da agência, durante uma madrugada, sem sucesso. Na ocasião, foram perseguidos pela polícia local, mas ninguém foi preso nem identificado. A agência, com vidraças e porta giratória quebrada, não tem previsão ainda para retornar ao funcionamento. Durante a tarde desta quarta, um funcionário do setor de Segurança Patrimonial do BB informou que não havia informações ainda sobre a quantia roubada. (A Tarde)

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